26 ENTREVISTA Portugalglobal nº140 resíduos em Portugal não será independente do posicionamento que as organizações que o compõem, a indústria e os consumidores adotarem em relação à evolução do contexto. É fundamental garantir que o processo de reconstrução da economia no pós-pandemia seja baseado nas premissas da sustentabilidade, circularidade e respeito pelo ambiente. Penso que é uma oportunidade a ser trabalhada. E, nesse processo, o setor dos resíduos tem um papel crucial em garantir a transição para uma economia circular, valorizando recursos, naturais e humanos, no processo de crescimento económico. Considera que a atual conjuntura económica, em consequência da pandemia que assolou o mundo, veio tornar mais premente a aceleração de políticas e processos no domínio da sustentabilidade e da economia circular? A pandemia da COVID-19 veio alterar a forma como as empresas trabalhavam e interagiam, contudo, esse cenário teve de ser contrariado através do nosso maior ativo: as pessoas. Houve uma redução da mobilidade nas cidades e a introdução do teletrabalho, que teve consequências positivas em termos de redução das emissões de CO2 e melhoria da qualidade do ar. O setor dos resíduos sentiu algumas mudanças, com as pessoas a trabalhar em casa e com as escolas com ensino à distância, com o setor hoteleiro e da restauração em decréscimo e com a mudança de hábitos dos consumidores, para além do aparecimento do novo fluxo das máscaras, tendo tido necessidade de se adaptar em termos de destinos e frequências de recolha. A realidade futura do setor dos Quais as perspetivas de desenvolvimento da economia circular em Portugal? O desenvolvimento da economia circular é bastante promissor, pois esta temática começa a constar na ordem do dia, havendo vários projetos demonstradores de boas práticas de circularidade, em diversos setores, e algum financiamento europeu e nacional para tal. A educação é fundamental e o tema da economia circular tem sido integrado em alguns currículos de universidades e apresentado em escolas, pelo que a próxima geração de profissionais já terá estes conceitos presentes. A existência de laboratórios colaborativos, centros de investigação e universidades que trabalham nestas temáticas é um fator chave para as empresas nacionais adotarem novas práticas de circularidade. As entidades, a sociedade e o país encontram-se mais disponíveis para a adoção de melhores práticas que promovam a economia circular, ao invés de uma economia linear de consumo de recursos e geração de resíduos. A ASWP tem tido um papel determinante enquanto entidade que pretende promover a economia circular entre os diversos atores das diferentes cadeias de valor, potenciando a cooperação entre estes com a academia e associações, estimulando boas práticas de circularidade nos seus modelos de negócio e tentando dar dimensão e força ao setor, influenciando a tutela para a agilização de algumas barreiras. www.smartwasteportugal.com
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