julho e agosto 2022 ENTREVISTA 29 O Ministério da Economia foi, desde o início desta missão, um forte apoiante da participação de Portugal como país-parceiro na feira de Hannover. A crise pandémica levou ao adiamento desta participação e condicionou a participação de muitos países de outras geografias habitualmente presentes nesta grande feira de tecnologia industrial, mas o balanço final da edição de 2022 da HANNOVER MESSE é claramente positivo para Portugal e para as empresas portuguesas. O Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, faz, em entrevista, o balanço desta participação e aponta as capacidades de Portugal nas transições energética e digital. Tendo estado presente em várias cerimó- nias e eventos desta edição da Hannover Messe, como avalia globalmente esta par- ticipação de Portugal como país-parceiro? A participação de Portugal como país-parceiro na Feira de Hannover, que é a maior feira in- dustrial do mundo, foi excelente. A presença de 109 empresas portuguesas de setores rele- vantes da indústria nacional, e a qualidade das empresas, dos produtos, tecnologias e serviços apresentados mudou a perceção sobre a eco- nomia portuguesa na Alemanha, surpreendeu muitas empresas e gestores alemães e o pró- prio governo alemão. O Chanceler Olaf Scholz, numa fórmula feliz, disse que Portugal combina o “ Smarthpone com o surf ” e que Portugal é um epicentro europeu de startups e inovação. O volume de contactos estabelecidos pelas em- presas portuguesas, a diversidade de contactos com empresas, gestores e investidores, a forte marca do país associada à inovação, à criati- vidade e à capacidade de apresentar soluções industriais, tecnológicas e software , abrem ca- minhos para o futuro. A isto acresce o que me foi transmitido pelo Presidente das Câmaras de Comércio e Indústria alemãs, no fim do painel em que participamos, sobre o facto de um in- quérito feito às empresas alemãs que operam nos mercados da Ásia e Leste da Europa e que estão a pensar relocalizarem-se na Europa Oci- dental. Convidei-o a vir a Portugal, o que ocor- reu no início de julho, para discutirmos como Portugal, onde já operam cerca de 600 empre- sas alemãs, pode receber alguns dos projetos de relocalização na Europa, reforçando a coo- peração com o tecido empresarial português e aumentando o investimento em Portugal. Quais os aspetos que destacaria desta par- ticipação? Do seu contacto com as empre- sas portuguesas presentes, que impres- sões retirou? Os aspetos a destacar são múltiplos: mui- ta qualidade e competência das empresas portuguesas; forte convicção na abordagem ao mercado alemão e internacional; grande capacidade de interação com as empresas, gestores e investidores estrangeiros; fácil co- municação e empatia; uma imagem forte de Portugal ligada à inovação e à capacidade de oferecer soluções tecnológicas para os desa- fios atuais e futuros; grande recetividade do tecido empresarial e do governo alemão. Sobre as empresas portuguesas o principal que retive dos meus contactos foi a crença profunda das empresas nacionais nas suas capacidades e ambição para terem sucesso e competir à escala europeia e global. Uma característica que muitas vezes nos derrota é a fraca convicção em nós próprios. O que notei em Hannover é uma mudança reconfor- tante, uma forte crença das empresas em si próprias e no que estão a fazer e isso, com a continuação e reforço do apoio do Estado e de políticas públicas bem desenhadas e im- plementadas, vai ser um motor impulsionador para a transformação e o desenvolvimento económico do país. Como poderá Portugal (entidades e insti- tuições) e as empresas portuguesas capita- lizar os resultados obtidos com esta partici- pação, nomeadamente no que respeita ao aumento das exportações? Portugal pode capitalizar os resultados de Han-
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