março 2019 ENTREVISTA 47 Cabe lembrar, ainda, que a cooperação na esfera da CPLP acontece também na esfera político-institucional, de que as Missões de Observação Eleitoral da Comunidade são um exemplo de grande importância. De que forma poderão ser incrementadas as relações económicas entre os países membros da CPLP? E, destes, com países terceiros? Quais são, na sua opinião, as medidas com maior relevo para a comunidade empresarial da CPLP? Tem havido uma crescente mobilização de setores empresariais dos Estados-membros da CPLP no sentido de estimular e incrementar as oportunidades económicas, de comércio e de investimentos no espaço da Comunidade. A Confederação Empresarial da CPLP, que detém o estatuto de Observador Consultivo da organização, tem exercido um papel de relevo nesse movimento e tem procurado sensibilizar os governos de cada Estado-membro para a importância de que sejam lançadas iniciativas conjuntas com vista a uma maior cooperação económica entre os nossos países. Como noutras áreas setoriais, as reuniões ministeriais de Comércio e das Finanças enquadram e orientam as nossas ações conjuntas, e os contactos regulares entre as agências de investimento dos Estados-membros devem ser cada vez mais incentivados, nomeadamente para promover ações de capacitação dos nossos empresários e para identificar propostas para incrementar a segurança jurídica dos investimentos no espaço da CPLP. Qual considera ser o papel e a relevância da CPLP no plano das relações internacionais e como poderá ser reforçado esse posicionamento? E que papel poderá, neste domínio, ser atribuído à língua portuguesa enquanto fator de união entre os membros da Comunidade? A CPLP tem conseguido, em diversas ocasiões, consertar posições comuns e manifestar-se de forma conjunta em vários fora e eventos internacionais, especialmente no âmbito das Nações Unidas. Temos, também, logrado obter o apoio dos Estados-membros da organização a candidaturas de países e de cidadãos oriundos do espaço da Comunidade a importantes mandatos e cargos no sistema internacional. Não posso deixar de referir, naturalmente, o facto de o secretário-geral das Nações Unidas ser atualmente um nacional de um membro da CPLP. Estou seguro que a atuação do engenheiro António Guterres à frente das Nações Unidas tem tido e terá efeitos positivos sobre a imagem da CPLP como um todo. E devo, igualmente, recordar outros destacados dirigentes de organizações internacionais oriundos de países da CPLP, como o embaixador Roberto Azêvedo, na OMC, José Graziano da Silva, na FAO, e António Vitorino, na OIM. Assim, a CPLP é hoje uma organização que conquistou o seu espaço na complexa arquitetura da ordem internacional, o que certamente tem contribuído para o aumento exponencial do interesse de diversos países em se aproxi- marem da Comunidade, por meio da categoria de Observador Associado. Desde 2014, 16 países e uma organização internacional – a Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) – foram admitidos nesta categoria. A CPLP possui hoje 19 Observadores Associados e um significativo número de outros países já sinalizaram a sua intenção de requerer aquele estatuto no âmbito da preparação da próxima Conferência de Chefes de Estado e de Governo, em Angola, em 2020. Creio que a projeção da CPLP na esfera internacional tem-se consolidado ao longo do tempo e poderá ser fortalecida com a crescente atuação dos Grupos CPLP, formados pelos representantes dos Estados-membros nos países da Comunidade e em terceiros Estados, assim como junto dos organismos internacionais. Há poucos dias, desloquei-me a Genebra para discursar no Segmento de Alto Nível da 40ª sessão do Conselho de Direitos Humanos e tive a grata oportunidade de testemunhar a atividade concertada e eficaz dos nossos representantes acreditados
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