dezembro 2022 MERCADOS 17 A COREIA E AS TENDÊNCIAS QUE SERVEM A OFERTA PORTUGUESA Denominado como o “país da manhã”, a Coreia do Sul é um país altamente dinâmico e pronto para ocupar a liderança na indústria mundial. A República da Coreia (comumente designada como Coreia do Sul) assumiu no ranking mundial a posição de 10ª economia do mundo e 4ª da Ásia em 2022 (FMI), é o sétimo maior exportador mundial de bens e o 16º em serviços, e o nono maior importador mundial de bens (OMC-World Trade Statistical Revision 2021). >POR JOANA BARROS DELEGADA DA AICEP NA COREIA DO SUL Com uma população de aproxima- damente 52 milhões, um tecido in- dustrial sofisticado e um rendimento per capita de 31.489,1 dólares em 2020 (Banco Mundial), é fácil en- tender – perante a presente situação geopolítica da região – o interesse das empresas portuguesas pela Co- reia, até agora um país pouco pro- curado quando comparado com a China e o Japão. Para as empresas que começam a abordar o mercado, é necessário fazer uma nota prévia sobre o país, até mes- mo para enquadrar como surgiram nomes como POSCO ou Doosan. A expressão “milagre do rio Han” refere-se ao milagre económico, efe- tuado ao longo de quatro décadas, de forte aposta na industrialização para exportação e, posteriormente, na inovação, e que levou à transforma- ção da Coreia de um país devastado por um conflito bélico e recipiente de ajuda pública internacional para uma economia robusta. A abertura gradual económica da Coreia ao mundo per- mitiu que marcas como a LG, a Hyun- dai e a Samsung (que fazem parte de uma lista longa de conglomerados – Chaebol – empresariais) se tornassem nomes comuns e líderes mundiais nos seus respetivos campos de atuação. Embora a maior parte da população (25 milhões) esteja concentrada no noroeste do país, mais especifica- mente no eixo Seul (9,6 milhões de habitantes) – Incheon (2,9 milhões) e o restante da região adjacente Gyeonggi-do (13,5 milhões), com foco particular nas indústrias TIC, semicondutores, partes e maquinaria –, a atividade industrial e comercial não se restringe a esta região. De uma forma simplista, poderíamos di- vidir a Coreia em “X”, identificando nos quadrantes zonas divididas em torno de grandes cidades, com as respetivas especializações setoriais. No sudeste do país, ao redor das ci- dades de Busan e Ulsan, está con- centrada a indústria pesada, como a construção naval e a petroquímica; no sudoeste e em Gwangju, temos a indústria agroalimentar e o remanes- cente da indústria automóvel (moldes e ferramentas, componentes). No nor- deste, com máquinas e equipamentos elétricos, parte eletrónica e têxtil e equipamentos médicos. O mercado de livre concorrência coe- xiste com duas particularidades corea- nas, aparentemente contrárias a esta premissa. A primeira assenta na estru- tura oligopolista, em que existe um controle efetivo de setores por con- glomerados empresariais (denomina- dos chaebols ). Os chaebols podem ter alguma especialização, mas assiste-se atualmente a uma diversificação do seu próprio portefólio. Citamos alguns exemplos de chaebols , com os quais as empresas exportado- ras se irão deparar na sua preparação e abordagem ao mercado: - Samsung: indústria eletrónica, cons- trução civil e naval; centros médicos e hotéis; seguros e outros serviços fi- nanceiros; e indústria automóvel (com participação próxima a 20 por cento na empresa Renault Samsung Motors). - SK: telecomunicações, semiconduto- res, energia, produtos químicos, cons- trução e serviços. - LG: eletrónica, química, telecomuni- cações e serviços. - Lotte: alimentação, distribuição (su- permercados, lojas de departamento, lojas de conveniência), hotelaria, quí- mico, engenharia & construção e ser- viços financeiros. - Hyundai: automóvel (Hyundai Mo-
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