junho 2022 MERCADOS 27 Em investimento, a África do Sul repre- sentava em dezembro de 2021 o 25º maior mercado em stock estrangeiro em Portugal, tendo em 2021 investido 42 milhões de euros em Portugal (19º maior fluxo IDE). Esse interesse sul- -africano tem olhado nomeadamente para os setores associados às novas tecnologias. E há fundos sul-africanos de capital de risco a olhar para mais oportunidades no nosso país. Temos cerca de 25 empresas portu- guesas presentes no mercado sul-afri- cano, com um stock de investimento direto português na África do Sul em setembro de 2021 de 95 milhões de euros. Após anos de queda do IDPE na África do Sul, acentuados pela venda pela CGD do Mercantile Bank à Capi- tec em 2019, no ano de 2021 tivemos pela primeira vez, desde os últimos cinco anos, uma progressão positi- va do IDPE no mercado sul-africano, tendo aumentado 8 milhões de euros face a dezembro de 2020. E a partir deste patamar e com a aten- ção focada, poderemos olhar para as oportunidades que despontam. Em termos políticos, os anos da corrupção da “State Capture” ficaram para trás, depois da sociedade ter mostrado uma saudável intolerância a tais fenó- menos. Com o Presidente Ramapho- sa, o país é governado por um antigo homem de negócios que afirma que não é o Estado, mas sim as empresas que criam emprego. E a África do Sul é um país que assume a noção de que há novas áreas de oportunidade a ex- plorar, desde a economia azul até à captação consequente do seu elevado potencial em energias renováveis – que lhe permitirão não só acabar com os nefastos cortes de energia, como pensar em avançar para novas fileiras, como o hidrogénio verde. E sendo um país que também é exportador de ma- feram. Como digo, Portugal e a África do Sul são velhos amigos que se des- conhecem cordialmente. Esse desconhecimento também teve o seu prolongamento no plano político, com um longo período sem contactos bilaterais a nível político entre Lisboa e Pretória. Na verdade, por mais de 10 anos, nenhum responsável político da área dos negócios estrangeiros sul-afri- cano esteve em Portugal. Não sei se há uma verdadeira justificação para tal hiato, o que me importa mais é saber que ficará fechado com a já marcada realização das Consultas Bilaterais a ní- vel político em Lisboa no fim de junho de 2022. É um sinal de um novo ciclo político, que espero tenha continuida- térias-primas, tem visto que os recen- tes sobressaltos na Economia mundial não são todos em seu prejuízo (pela valorização das commodities ). Muito disto é pouco conhecido dos nossos agentes económicos, tal como a maioria dos sul-africanos que visi- ta Portugal regressa com uma ima- gem profundamente alterada face às ideias-feitas sobre nós que aqui proli- de no plano económico e empresarial. E para isso, a atenção que a Revista Portugalglobal está a dar à África do Sul é um excelente prenúncio. Aqui na Embaixada, com o conjun- to desta equipa, estamos ao dispor dos empresários. pretoria@mne.pt
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