fevereiro 2022 DESTAQUE 7 EXPORTAÇÕES NACIONAIS RECUPERAM E AS PREVISÕES SÃO POSITIVAS O progresso no processo de vacinação, o alívio de algumas medidas de restrição e a contenção do contágio da crise ao setor financeiro que permitiu estabilidade financeira e manutenção das condições de financiamento à generalidade dos agentes económicos, permitiram enfrentar e recessão económica causada pela COVID-19 e alavancar uma recuperação a partir do terceiro trimestre de 2020, que se estendeu ao longo de 2021. Projeções do Banco de Portugal apontam para um crescimento da economia portuguesa de 4,8 por cento em 2021 e de 5,8 por cento em 2022. >POR JOÃO MANUEL SANTOS , DIREÇÃO DE PRODUTO DA AICEP Mais de uma década depois da crise financeira de 2008-2009, o mundo deparou-se em 2020 com uma nova recessão causada pela pandemia COVID-19, que num contexto de aplicação de medidas de contenção de proteção da saúde pública, de precaução dos agentes económicos e disrupção das cadeias de abasteci- mento globais, provocou uma con- tração económica mundial de 3,4 por cento, a mais severa desde a Grande Depressão, com o comércio mundial a contrair 8,2 por cento. 1 Em Portugal, com os primeiros casos de COVID-19 identificados no início de 2020, a exemplo do que acon- teceu a nível mundial, para além da gravidade da doença do ponto de vista de saúde pública, em termos económicos a pandemia provocou naquele ano o choque mais nega- tivo a que o nosso país assistiu em décadas (quebra real do PIB de 8,4 por cento em 2020), tendo afetado, em particular, as trocas comerciais ex- ternas, causando uma contração das exportações de 18,6 por cento, em volume, com quebras reais de 11,4 por cento na componente de bens e de 34 por cento na de serviços, esta última fortemente afetada pelo peso do setor do turismo. Também no que respeita aos fluxos de investimento direto (ID), 2020 fi- cou marcado pela redução de 34,7 por cento do ID líquido mundial rela- tivamente a 2019, e por quebras de 33,7 por cento e de 41,3 por cento do ID líquido de Portugal no exterior (IDPE) e do exterior no nosso país (IDEP), respetivamente. Se o impacto da pandemia sobre os fluxos comerciais e de ID em 2020 foi de grande dimensão e superior ao observado em 2008-2009, uma característica marcante foi a rápida recuperação observada ao longo de 2021, o que aponta para a adapta- ção e resiliência das empresas às con- dições adversas vividas. Um ano passado sobre o período crí- tico de 2020, procuraremos, deste modo, efetuar uma breve análise so- bre a evolução, em 2021, do comércio internacional português, em particular das exportações de bens e de serviços, e do ID, comparativamente a 2020 e a 2019, período pré-pandemia. Comércio Internacional Português de Bens e de Serviços O ano de 2019 ficou assinalado por máximos históricos no que ao comér- cio internacional português diz respei- to. As exportações de bens e serviços atingiram 93,7 mil milhões de euros e uma participação no PIB de 43,5 por cento; com as importações a ascende- rem a 92 mil milhões de euros, resul- tou um grau de abertura da economia portuguesa de 86,6 por cento. 1 Banco Mundial - Global Economic Prospects (janeiro 2022)
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