fevereiro 2022 ENTREVISTA 41 forçada no Extremo Oriente e no continente americano, sobretudo nos Estados Unidos da América. Os resultados desta ação permitem constatar que houve, de facto, uma diversifica- ção da origem do IDE não só dentro da Europa como de fora de Europa, onde voltamos a ter um pipeline recorrente de projetos industriais e de serviços oriundos dos EUA, mas também do Japão e da Coreia. Esse trabalho de diver- sificação tanto nos mercados europeus como extraeuropeus foi conseguido e essa linha deve ser continuada. Refiro alguns números que importa reter: dos 2,7 mil milhões de euros contratualizados em 2021, mais de 2 mil milhões de euros são oriundos da Europa, aposta que é claramente para manter já que 75 por cento do número de projetos vem de países da União Europeia, e que 80 por cento de projetos greenfield , ou seja, projetos de raiz em novas atividades em Portugal, também vêm do espaço comunitário. Números que significam que os países que já nos conhecem bem, estão a trazer novos proje- tos e novas empresas para Portugal. Por outro lado, há outros países do resto da Europa que também aumentaram o número de projetos de investimento em Portugal, comprovando o aumento da diversificação da origem de IDE. Dentro dos projetos de mais longo prazo, há que destacar os projetos de Investigação e Desenvolvimento que visam a instalação de centros de know-how no país, fazendo- -o normalmente em parceria com o sistema científico e de investigação nacional. Quase 90 por cento destes projetos vêm da Europa, o que revela que esses são os parceiros que percebem que, além de Portugal poder ser um centro exportador para as suas atividades, também pode ser um centro de criação de know-how e do “created in Portugal”. Essa será, aliás, uma das vantagens competitivas que iremos apresentar, em finais de maio des- te ano, na feira de Hannover, o maior certame internacional da indústria e no qual Portugal é país-parceiro em 2022. Quais os principais setores de aposta na captação de IDE? A AICEP não tem uma abordagem prescritiva a projetos de IDE. Mas há uns quantos setores onde Portugal é particularmente competitivo, sendo aí que pomos o nosso maior esforço co- mercial. Vale a pena referir os grandes setores ‘vencedores’ do PT2020: o setor automóvel e componentes, o setor aeronáutico, o setor agroalimentar, onde também somos competi- tivos, e todos os setores relacionados com a metalomecânica, como sejam a metalomecâ- nica de precisão, a indústria dos moldes, entre outros, mas ainda na indústria da pasta e do papel e na indústria química. Se falarmos de serviços, é de salientar que Portugal conseguiu, nos últimos seis anos, au- mentar a instalação de centros de serviços em Portugal, verificando-se um crescimento muito significativo de centros de competências liga- dos ao desenvolvimento de software . Quais são as perspetivas para este ano de 2022 no que respeita às exportações e à captação de investimento? No investimento, as perspetivas para 2022 são boas, de acordo com dados de que dispo- mos. No entanto, é preciso não esquecer que os anos de mudança de quadros comunitários são sempre anos de baixa contratualização devido ao curso normal do processo de can- didaturas, neste caso, ao PT2030, pelo que deverá registar-se valores inferiores a 2021. Isso implica que se comece agora a fazer o trabalho para a contratualização do PT2030, mas, sublinho, os fatores de competitividade de Portugal mantêm-se e o objetivo para a Agência é trabalhar para manter e aumentar os valores anuais do PT2020. Nas exportações é também expectável uma continuação do crescimento tendo em conta o comportamento das empresas exportadoras, embora haja um ajustamento do seu contribu- to no PIB devido ao ano de 2020. Mas, gra- dualmente, iremos voltar ao peso no PIB, que rondava os 44 por cento em 2019, não só pela resiliência e pelo bom trabalho das empresas, mas também pelo efeito do investimento de natureza exportadora angariado no último ano, que irá entrar na nossa balança de expor- tações nos próximos três a quatro anos.
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