fevereiro 2022 ENTREVISTA 39 O aumento das exportações nacionais e do investimento estrangeiro angariado deverá manter-se numa rota de crescimento nos próximos anos. É essa a convicção do presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, que detalha os números e valores destas duas componentes tão importantes para a economia nacional. Castro Henriques está confiante no aumento das exportações, também devido aos projetos de investimento conseguidos em 2021, cujo impacto positivo será sentido dentro de dois a três anos, e defende uma linha de continuidade de atuação da AICEP e da estratégia que conduziu aos resultados recorde atingidos no ano passado. 2021 foi um ano muito positivo para as exportações portuguesas e para a contra- tualização de projetos de investimento es- trangeiro. Em relação às exportações qual o balanço que faz dos resultados alcançados? O aumento das exportações de bens em 2021 para níveis que superam os valores alcançados em 2019 é muito positivo para a economia portuguesa, e é a prova de que esta pande- mia não alterou os fatores de competitividade das empresas exportadoras portuguesas, que mostraram ser mais competitivas e mais re- silientes apesar dos desafios transversais que afetam as empresas portuguesas e europeias, como são os casos dos preços da energia e da volatilidade dos custos de transporte. E os resultados estão à vista! Uma situação que muito me satisfaz, porque o país precisa de continuar a aumentar as exportações. Igual- mente muito interessante é constatar que as empresas que já estavam mais diversificadas geograficamente ainda conseguiram aumen- tar essa diversificação. É também importante perceber que vamos entrar num novo ciclo com um novo quadro comunitário de apoio, o que aumenta as pers- petivas para as exportações nacionais. Portu- gal está num círculo virtuoso de crescimento em termos externos. Esse é o foco da ativi- dade da AICEP e a Agência tem trazido bons resultados ao país. É expectável que haja também um au- mento nas exportações de serviços, com a ressalva de que a recuperação será mais lenta no setor do turismo, muito castiga- do pela pandemia? Nos serviços devemos segregar a análise. O turismo, e os setores com ele relacionados, foi confrontado com um fenómeno avassalador decorrente da pandemia e dos confinamen- tos, cujo impacto não é comparável ao dos outros setores. Nos serviços que não são tu- rismo é interessante observar a evolução dos últimos cinco anos e a evolução que iremos ter nos próximos três a cinco anos derivado de toda a angariação que andamos a fazer em setores, por exemplo, como o do desen- volvimento de software e de todos os que be- neficiam dos centros de desenvolvimento de software que se estão a instalar em Portugal. Vamos ter cada vez mais serviços tecnológicos exportados, facto que já se começa a notar na balança comercial, sendo uma macrotendên- cia que se irá manter. No investimento, o valor dos projetos an- gariados em 2021 constitui um novo recor- de na história do IDE (Investimento Direto Estrangeiro) em Portugal. Qual o balanço que fez deste resultado? Quais os princi- pais fatores de competitividade do país? Em primeiro lugar, gostaria de dizer que a AICEP está de parabéns pelos resultados de 2021, dado que mais do que duplicámos os valores de 2019 (o anterior recorde). São mui- to bons resultados para a economia nacional e significam que vamos ter excelentes proje- tos industriais e de serviços a serem instalados no país ao longo dos próximos dois anos. São também excelentes resultados da Agência por- que todos estes projetos resultam do trabalho comercial e de angariação de novo investimen- to por parte das empresas já instaladas em Por- tugal e de novos investidores.
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