fevereiro 2022 DESTAQUE 15 O cenário de recuperação económi- ca encontra-se igualmente espelhado nas projeções económicas do Banco de Portugal (Boletim Económico de dezembro de 2021), que apontam para um crescimento da economia portuguesa de 4,8 por cento em 2021 e de 5,8 por cento em 2022, num contexto de evolução da ativi- dade condicionada no curto prazo por uma nova vaga da pandemia na Europa e pelos problemas nas cadeias de fornecimento globais. A trajetória projetada é suportada pela manuten- ção de condições financeiras favorá- veis e por maiores recebimentos de fundos da União Europeia, não se antecipando efeitos adversos signi- ficativos sobre a atividade agregada do fim de alguns apoios temporários, que foram substituídos, em parte, por medidas direcionadas aos setores e empresas mais afetados pelo cho- que pandémico. Ainda segundo o Banco de Portugal, o PIB retomará o nível pré-pandemia na primeira metade de 2022. No que respeita ao comércio interna- cional português, o Banco de Portugal prevê um crescimento forte da ativi- dade mundial e da procura externa dirigida aos produtores nacionais (8,5 por cento em 2021 e 5,4 por cento em 2022), com as exportações de bens e serviços a crescer 9,6 por cento em 2021 e 12,7 por cento em 2022. Ainda sobre a componente de bens, de acordo com o Inquérito sobre Pers- petivas de Exportação de Bens (IPEB), do INE, dirigido em novembro de 2021 a 3.227 empresas representati- vas de 90 por cento das exportações totais de bens, as empresas exporta- doras de perspetivam um crescimen- to nominal de 6,5 por cento das suas exportações em 2022 face a 2021; 7,0 por cento nas exportações para os mercados ExtraUE e de 6 por cen- to para os países IntraUE. A recuperação das exportações é, contudo, diferenciada entre bens e serviços. Com um crescimento proje- tado pelo Banco de Portugal, de 10,6 por cento em 2021 para a componen- te de bens, as vendas externas desta componente excederão o nível pré- -pandemia, devendo crescer 3,9 por cento em 2022, em linha com o pro- jetado para a procura externa global. Quanto aos serviços, refletindo o levantamento das restrições à mo- bilidade internacional e o aumento da confiança, as exportações desta componente, em particular de turis- mo e serviços de transporte associa- dos, têm vindo a recuperar de forma acentuada, após a queda abrupta em 2020 e no início de 2021. Com o agravamento recente da pandemia na Europa que implica uma evolução mais contida dos fluxos de turismo nos próximos meses, o Banco de Por- tugal assume que, a partir do segun- do trimestre de 2022, as exportações de turismo retomem um crescimento forte, antevendo-se um aumento das exportações de serviços de 35,1 por cento em 2022 após 7,2 por cento em 2021, devendo constituir a com- ponente da despesa com o contribu- to mais importante para o crescimen- to do PIB em 2022. As exportações de serviços deverão atingir o nível pré-pandemia no final de 2023. Conclusão De acordo com o Banco de Portugal, a economia portuguesa enfrenta im- portantes desafios nos próximos anos, sendo a resposta de política económi- ca crucial para um crescimento sus- tentado e uma retoma da convergên- cia de Portugal com a Europa. Ainda segundo o Banco Central, será igual- mente importante a previsibilidade dos processos de decisão de política económica, essencial para contraba- lançar o aumento de incerteza que caracteriza os processos de saída de crises económicas. Para além daquelas premissas, o com- portamento da economia portuguesa, e das exportações em particular, está dependente da evolução da pande- mia, com a condicionante de no nosso país uma recuperação poder ser mais lenta devido à nossa estrutura econó- mica com grande peso dos serviços, nomeadamente do turismo. Contudo, é de salientar que estamos em presença duma crise com origem externa e que se observa uma recu- peração mais rápida que em recessões anteriores, em que os fatores com- petitivos de Portugal permanecem e serão essenciais para a recuperação da economia portuguesa, alavanca- dos por medidas de natureza política, nomeadamente no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência combi- nadas com fundos europeus do Qua- dro Financeiro Plurianual 2021-2027 e do Next Generation EU , tendo como objetivo aumentar as exportações de bens e serviços até 50 por cento do PIB na segunda metade desta década e reforçar a atração de investimento direto estrangeiro (IDEP). joao.santos@portugalglobal.pt
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