setembro 2021 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 45 sível, mas não equacionado, obrigou as nações, os mercados, as organiza- ções, as famílias e os indivíduos a ter de redefinir as suas rotinas e, por ve- zes, até repensar o seu propósito. Em 2020 e já metade de 2021, as palavras mais ouvidas nos diferentes contextos são dominadas pelo jargão da Saúde Pública: “pandemia”, “con- finamento” e “imunidade de grupo”, mas para as empresas, os motores da economia nacional, a “preocupação”, a “resiliência” e a “adaptação” mar- caram este ano e meio, que foi de aprendizagem e transição. Hoje, a prioridade das empresas é a so- brevivência do negócio, sendo preciso assegurar a sustentabilidade da ope- ração, garantir postos de trabalho, dar resposta a compromissos com os for- necedores e fazer uma adaptação ao novo ambiente global. Por outro lado, é também necessário acautelar o futu- ro, para que este cenário não se repita sem planos proativos de resposta. As empresas nacionais exportadoras A economia nacional apresentou nos últimos cinco anos uma tendência ex- 4 QUESTÕES SOBRE A COMUNICAÇÃO 1. Qual é o papel da Comunicação na construção e gestão de rela- ções com os stakeholders nas empresas portuguesas com um foco B2B e na exportação? O cenário com o qual temos vivido no último ano e meio, que poucos po- deriam ter equacionado no seu planeamento estratégico, surpreendeu as empresas e forçou a uma adaptação no sentido de assegurar a sua sobrevi- vência. Perante este cenário de desafios atuais e futuros, a Comunicação tem também um papel na transformação a realizar, estando agora a ser equacio- nada pelas empresas e integrada numa estratégia global de negócio. Com as restrições impostas à circulação de pessoas, a proximidade com o cliente torna-se um obstáculo acrescido, sendo que, aparentemente, gran- de parte dos pontos de contacto para o estabelecimento de relações e a construção de confiança parecem ter quase desaparecido. No intuito de man- ter vias de Comunicação de carácter personalizado, genuíno e sustentadas na proximidade, as empresas tiveram de se reinventar em formatos distintos de gestão relação diferentes dos que estavam habituados. A Comunicação surge, assim, como uma função com importância crescen- te, assumindo agora uma posição prioritária no pensamento estratégico de várias empresas. Considerada como a “voz” das marcas, a Comunicação é, num momento em que a relação entre as organizações e os seus stakeholders assume ainda mais importância, uma âncora para empreender a transição para um mundo pós-pandemia na forma de alcançar o mercado e estabelecer parcerias comerciais. portadora, ao mesmo tempo que o país tinha encetado um caminho de crescimento, que se mantinha sólido no início de 2020. Contudo, esta pan- demia trouxe um cenário de enorme incerteza e penalizou fortemente o setor exportador. As exportações mostraram ser, na pri- meira fase da presente crise, a com- ponente do PIB que sofreu uma maior queda, contribuindo de forma notória para a contração da atividade econó- mica. Entre 2019 e 2020, o valor das exportações caiu 20,9 por cento. A visão mais otimista aponta para que, assim que os efeitos da pande- mia abrandarem, regresse alguma normalidade gradual após 2021, prevendo-se que na área das expor- tações se registe um crescimento superior ao da Europa e do mun- do, confirmando a continuidade da competitividade dos produtos e ser- viços portugueses. O objetivo é claro e foi já anunciado: passar de um peso de exportações de 44 por cento, em 2019, para 50 por cento em 2027 e 53 por cento em 2030, aumentando o número de em- presas exportadoras de 21.500 para 25 mil no final da década e o número médio de mercados externos para os quais as empresas exportam de 4,3 em 2019, para 4,7 em 2030. Os desafios das empresas B2B exportadoras O papel na sociedade e as dinâmicas de negócio das empresas B2B, espe- cificamente as exportadoras, são in- questionavelmente distintos daqueles que associamos às empresas com um foco no consumidor final.
Baixar PDF
Arquivo