22 MERCADOS Portugalglobal nº144 A ECONOMIA PORTUGUESA Nos últimos anos, Portugal tem vindo a melhorar a sua competitividade, estimulando o crescimento económico de forma sustentável. A economia portuguesa caracteriza- -se por um elevado peso do setor dos serviços, que correspondia a 75,8 por cento do VAB e empregava 69,9 por cento da população ativa em 2020. A agricultura, a silvicultura e a pesca representavam apenas 2,3 por cento do VAB e 5,4 por cento do emprego, enquanto a indústria, a construção, a energia e a água representavam 22 por cento do VAB e 24,8 por cento do emprego. Na última década, para além de uma maior incidência e diversificação dos serviços na atividade económica, ve- rificou-se também uma alteração sig- nificativa do padrão de especializa- ção da indústria transformadora em Portugal, passando da dependência das atividades industriais tradicionais para uma situação onde os novos setores, de maior incorporação tec- nológica, ganharam peso e uma di- nâmica de crescimento, destacando- -se os seguintes setores: automóvel e componentes, eletrónico, energia, farmacêutico e indústrias relaciona- das com as novas tecnologias de in- formação e comunicação. O surto da COVID-19 teve um impacto muito significativo na economia portu- guesa, no mercado de trabalho e, con- sequentemente, nas contas públicas. De acordo com o Banco de Portugal, em 2020, a economia portuguesa re- gistou uma contração do PIB de 7,6 por cento face ao ano anterior, refle- tindo os efeitos negativos da pande- mia na atividade económica, sobretu- do no que respeita ao forte contributo negativo do consumo, do turismo e das exportações e importações de bens e serviços. Ainda assim, as últimas projeções do Banco de Portugal apontam para um crescimento do PIB de 3,9 por cento em 2021 e de 4,5 por cento em 2022, enquanto a Comissão Europeia pers- petiva crescimentos de 4,1 e 4,3 por cento, respetivamente. Esta projeção pressupõe que as me- didas de contenção foram mantidas ou restauradas até ao fim do pri- meiro trimestre de 2021 e aliviadas posteriormente, de forma gradual, e que a atividade retome o nível pré- -pandemia no final de 2022, sendo que a sua recuperação traduzir-se-á numa melhoria do mercado de traba- lho, perspetivando-se um aumento do emprego e uma redução da taxa de desemprego a partir de meados de 2021. Para 2021, prevê-se um crescimento de 4,9 por cento do consumo públi- co. Esta aceleração reflete o retorno dos serviços públicos ao funciona- mento habitual. O consumo privado, com uma queda de 5,9 por cento em 2020, deverá registar crescimentos de 3,9, 3,3 e 1,9 por cento no período 2021-23 e, no final de 2022, deverá aproximar-se do nível observado antes da crise pandémica. Antecipa-se também uma recuperação gradual do emprego e um aumento da produtividade entre 2021 e 2023. A lenta recuperação do emprego decorre da evolução perspetivada para os seto- res mais expostos aos contactos pes- soais, ligados ao alojamento, restau- ração, viagens e serviços recreativos. O emprego deverá assim retomar o nível pré-pandemia no final de 2023. Após uma queda significativa em 2020, o investimento deverá recupe- rar mais rapidamente do que em ci- clos anteriores, embora seja esperado que em 2022 permaneça aquém dos níveis registados em 2019. Segundo o Banco de Portugal, em 2020 as exportações de bens e servi- ços reduziram 20,4 por cento (-10,2 por cento no caso das exportações de bens), seguidas por crescimentos de 9,2 por cento em 2021 e de 12,9 por cento em 2022, mas os níveis pré-cri- se só deverão ser atingidos em 2023. A queda nas exportações reflete uma descida muito acentuada das exporta- ções de serviços associados ao turismo (-57,6 por cento). Por sua vez, as im-
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