26 MERCADOS Portugalglobal nº141 e diversificada que, para além de potenciar o crescimento, diminua a histórica dependência do cobre e reduza a vulnerabilidade da economia a choques externos. Neste contexto, sublinhe-se o forte impulso dado à economia do conhecimento e à introdução de uma agenda nacional para a descarbonização da economia, alicerçada na promoção das energias renováveis, economia circular, eficiência energética e na maior eletrificação dos consumos, onde se inclui a mobilidade elétrica. A capital, Santiago, conta com um dos ecossistemas de inovação e empreendedorismo mais dinâmicos do mundo (alavancado pelo êxito do programa “Startup Chile”) e, a nível regional, é um hub para um número crescente de indústrias, com destaque para os nos diferentes setores. O comércio e os serviços financeiros adaptaram-se rapidamente às novas circunstâncias com a adoção massiva do e-commerce e de processos de transformação digital. O cluster agroindustrial e o setor mineiro aproveitaram o impulso na procura externa, proveniente da Ásia. A contração afetou particularmente a hotelaria, a restauração e o turismo. A quebra no investimento e consumo privados foi contrabalançada por ambiciosos programas governamentais de reativação económica e apoio às empresas e às famílias. Considerando o êxito do rápido processo de vacinação, o Banco Central do Chile e o FMI preveem que o país lidere a recuperação económica na América Latina em 2021, com um crescimento do PIB não inferior a 5,8 por cento. Dada a complementaridade das duas economias e o potencial de crescimento do mercado, existem numerosas oportunidades para as empresas portuguesas no Chile. Os desafios associados à melhoria da produtividade e diversificação da economia proporcionam uma conjuntura propícia ao desenvolvimento de negócios e investimentos, principalmente nos setores energético, agroalimentar, infraestruturas, agritech, fintech, moda, lifestyle e novas tecnologias. As exportações portuguesas de bens e serviços para o Chile cresceram consistentemente durante a última década e a balança comercial é amplamente favorável a Portugal. Nos últimos quatro anos, o investimento português duplicou, superando os 500 milhões de euros. BALANÇA COMERCIAL DE BENS DE PORTUGAL COM O CHILE Exportações Importações Saldo Coef. Cob. % 2016 109,0 52,2 56,9 209,0 2017 122,9 68,3 54,6 180,1 2018 141,9 52,7 89,2 269,4 2019 113,4 42,9 70,5 264,5 2020 106,0 38,2 67,8 277,2 Var % 20/16a 0,4 -5,4 --- Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhões de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2016-2020 (b) Taxa de variação homóloga 2019-2020 (2015 a 2018: resultados definitivos; 2019 e 2020: resultados preliminares) Var % 20/19b -6,6 -10,9 --- serviços financeiros e empresariais de base tecnológica. Enquadramento económico pós-pandemia Em 2020, o Chile enfrentou a crise da pandemia num contexto de deterioração da procura interna, originada pela contestação social de finais de 2019, que levou ao processo de revisão constitucional atualmente em curso. Não obstante, após a forte contração do 2º trimestre de 2020, a atividade económica deu mostras de estabilização, ainda que de forma díspar Oportunidades para as empresas portuguesas Para as empresas portuguesas que iniciam o complexo, mas imprescindível processo de internacionalização, o Chile é um destino a ter em conta. A estabilidade institucional e a proximidade cultural unem-se a um mercado interno dinâmico e às oportunidades que este apresenta enquanto plataforma de acesso a outros na sua área de influência na América Latina (Aliança do Pacífico e Mercosul) e na Ásia. De facto, é a nação latino-americana com menores riscos e melhores ratings de crédito, a mais transparente e com menos corrupção na região.
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