abril 2021 MERCADOS 23 PORTUGAL E CHILE A CONFIANÇA REAFIRMADA Como olhamos para o Chile, ou queremos olhar, neste preciso momento em que se escreve, fevereiro de 2021, faz diferença. património e as pilhagens que acompanharam a crise político-social que se desatou em 18 de outubro 2019 e que apenas abrandou na sua intensidade contestatária, com a emergência da pandemia da COVID-19 e a realização do referendo constitucional a 26 de outubro de 2020. >POR ANTÓNIO M. LEÃO ROCHA, EMBAIXADOR DE PORTUGAL NO CHILE Certamente, ao cidadão mais atento do quotidiano noticioso, em Portugal, ocorre logo, com imagens vivas, os incêndios de igrejas, os graves distúrbios públicos, os atentados ao Sem esquecer “os anos de chumbo” no Chile – expressão graficamente cunhada para um vizinho – que chamaram a atenção do mundo em 1973, pela deterioração política e a extrema polarização ideológica que marcou esse ano do mandato democrático do governo de Unidade Popular, de Salvador Allende, mas, sobretudo, o violento golpe militar e a repressiva Ditadura, instalada pelo regime de Augusto Pinochet, que durou de 11 de setembro de 1973 a 11 de março de 1990. E, no entanto, o Chile é um país que historicamente se destaca dentro da sua região, a América do Sul, muito mais do que outros (emparelhado, talvez, só pelo Uruguai), devido à “continuidade nacional”, ou seja, uma estabilidade política e institucional e a viabilidade – e vitalidade – do seu sistema constitucionalista; muito menos, pelas crises e as ruturas que também viveu e, uma ou outra guerra civil, declarada ou “em surdina”. Nos mais de 200 anos de vida independente, tem vigorado sobretudo um regime presidencialista, numa democracia que, ao contrário de outras na região, faz prova da sua resiliência e capacidade de modernização, bem como de um robusto dinamismo parlamentar (Congresso, com duas Câmaras). A crise de outubro de 2019 revelou esses predicados no amplo acordo pela paz e pela nova constituição, assinado pelas principais formações partidárias
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