abril 2021 ENTREVISTA 19 do Terminal XXI no mercado de transhipment de contentores atesta da competitividade de Sines na concorrência direta com os demais portos no Mediterrâneo Ocidental na relação com o Atlântico. Estamos presentemente a trabalhar com a Secretaria de Estado da Internacionalização, a Rede Externa da AICEP e o Porto de Sines no desafio de conseguirmos ser um hub de produtos agrícolas, não só dos exportados pelo Alentejo e a Extremadura espanhola para o mundo, mas também nos importados do Brasil para a Europa. Com base no terminal portuário de contentores e principalmente no de granéis sólidos, posicionamos Sines como porta de entrada dos grãos do Brasil na União Europeia e como plataforma do seu transbordo para o Médio Oriente e o Norte de África. Tem sido promovido um diálogo com os portos brasileiros do Arco Norte, que pretendem aumentar a sua quota na exportação de produtos agrícolas da região Centro Oeste. Atualmente estes portos, que incluem Outeiro, Santarém e Vila do Conde no Paraná e Itaqui no Maranhão, exportam cerca de 25 milhões de toneladas de grãos por ano, ou seja 25 por cento do total das exportações brasileiras de 75 milhões de toneladas de soja mais 25 milhões de toneladas de milho. O seu objetivo é incrementar a carga movimentada pelo eixo Arco Norte para 40 milhões de toneladas por ano, tirando partido da redução de custos decorrentes da utilização de um hub de distribuição em Sines. Essa dinâmica viria beneficiar os carregadores nacionais com menores custos, tirando partido de economias de escala. A propósito, o projeto Alqueva continua a atrair investimentos consideráveis, principalmente na produção de culturas de regadio orientadas para a exportação, que exigem uma cadeia logística eficiente. Sines, além da proximidade ao local de produção, tem infraestruturas que permitem apoiar todas as atividades de armazenagem e de manipulação das produções. Aliado à eficiência da operação portuária, a ZAL está planeada para acolher armazéns refrigerados e silos, capaz de apoiar as empresas que se queiram instalar para o agronegócio e a sua logística. Que posicionamento estratégico, a nível internacional, poderá alcançar o porto de Sines com este investimento e também com a construção do novo terminal de contentores? O atual Terminal de Contentores de Sines – o Terminal XXI – gerido pela PSA Sines, jointventure da PSA Internacional com a MSC, está neste momento em obras de expansão que duplicarão a sua capacidade de movimentação anual de contentores de 2 para 4 milhões. A perspetiva de um segundo Terminal de Contentores – o Terminal Vasco da Gama – elevando a capacidade total do Porto de Sines para 8 milhões de contentores por ano, pô-lo-ia a par dos grandes portos europeus. Somando-se ainda a capacidade libertada, pela dinâmica da descarbonização que encerrou a Central Termoelétrica de Sines, para granéis sólidos e outros tipos de cargas no Terminal Multiusos de Sines. Isto implica evoluir para uma ainda maior atividade de transhipment, ao mesmo tempo que se procura e estimula mais carga local, nomeadamente portuguesa e espanhola. Esta capacidade instalada, em curso e perspetivada, tem de ser trabalhada no sentido de se transformar num input logístico promotor do aumento das produções nacionais para exportação. Queremos que Sines seja essa grande plataforma logística transcontinental e europeia, mas também um espaço de transformação, assemblagem e finalização industrial de acesso à União Europeia e de exportações europeias para o mundo. A modernização da via-férrea (para Espanha), há muito esperada e desejada, é, na sua opinião, fundamental para a competitividade do porto de Sines e, indiretamente, para a economia nacional? Nomeadamente face aos seus concorrentes na Península Ibérica? Durante muito tempo o Complexo de Sines progrediu sem grandes acessibilidades rodoferroviárias. Isto deveu-se à natureza da atividade de quatro dos cinco terminais do porto de Sines e decorrentes atividades industriais. Pelo Terminal de Granéis Líquidos entra o crude para a Refinaria, cujos produtos refinados são
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