10 DESTAQUE Portugalglobal nº140 dade. Estes corredores garantem um continuum ecológico que presta serviços aos cidadãos: ensombramento para combater o efeito ilha de calor; retenção e infiltração de água para reduzir os efeitos de inundações; aumento da biodiversidade urbana; melhoria da qualidade do ar. Sendo uma infraestrutura de prestação de serviços, a infraestrutura verde deve ser constantemente melhorada e aumentada, mas não pode constituir uma sobrecarga adicional para as reservas de água potável. Seria um contrassenso aumentar o consumo de água potável para melhorar a infraestrutura verde e mitigar os efeitos das alterações climáticas, mas simultaneamente aumentar o problema da própria escassez de água utilizando-a de forma ineficiente. Entre 2014 e 2018, a CML conseguiu poupanças nos consumos de água potável da ordem dos 50 por cento, reduzindo o seu consumo total de cerca de 8 milhões de m3 anuais para cerca de 4 milhões m3. Mas reduzir consumos não chega. Anualmente a CML utiliza ainda cerca de 3 milhões de m3 (75 por cento do seu consumo total) de água potável em tarefas que poderiam recorrer a Água+. Substituir água potável por Água+ quando adequado permite uma redução da pressão sobre a reserva estratégica de Castelo de Bode, mas também sobre a utilização de captações de água subterrânea na cidade, em particular em zonas sensíveis. A rede de distribuição de Água+ em Lisboa permitirá, no futuro, abastecer B-WaterSmart Lisboa é uma das seis cidades e regiões costeiras europeias parceiras do projeto H2020 B-WaterSmart. Com 36 parceiros e um orçamento de 17 milhões de euros, o B-WaterSmart pretende acelerar a transformação das economias e sociedades costeiras da Europa para uma gestão inteligente da água, com novos modelos de mercado, promoção da circularidade e soluções de gestão de dados para múltiplos setores e utilizadores. Serão desenvolvidas metodologias, ferramentas e processos que permitem a utilização segura de fontes alternativas de água, particularmente água residual tratada, melhorar a eficiência hídrica e o nexus água-energia, que tornarão as cidades mais resilientes à escassez de água e adaptadas aos desafios das alterações climáticas. Saiba mais aqui. Fábricas de Água “Fábricas de Água” é a designação com que a Águas do Tejo Atlântico cunhou as suas 103 Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) que servem 23 municípios e quase 2,5 milhões de habitantes. Trata-se de infraestruturas operacionais que transformam matérias-primas recebidas em novos produtos de utilização urbana, industrial, empresarial e social, contribuindo para a Economia Circular e sustentabilidade socioambiental. As Fábricas de Água valorizam os recursos presentes nas águas residuais numa lógica circular, produzindo por um lado água residual tratada para a manutenção da qualidade do meio ambiente, mas também Água+ (água residual tratada com qualidade compatível com usos não potáveis, sejam agrícolas, urbanos, ou industriais), bem como biolamas (que no caso da AdTA são integralmente reutilizadas para fins agrícolas) ou biogás para produção de energia. grandes consumidores como sistemas de transportes (para lavagens de veículos), grandes superfícies de comércio ou serviços, clubes desportivos, não apenas para rega e lavagens, mas também para sistemas de arrefecimento com os utilizados na climatização ou outros usos industriais. Adicionalmente, o passo dado por Lisboa com a construção desta nova infraestrutura, e com a reutilização de Água+, constituirá exemplo de boas práticas a disseminar nas várias redes nacionais e internacionais de que a cidade faz parte, gerando conhecimento e experiência que facilitarão a adoção por outras cidades. sofia.cordeiro@cm-lisboa.pt
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