março 2021 DESTAQUE 9 FECHAR O CICLO URBANO DA ÁGUA PARA GARANTIR A SUSTENTABILIDADE FUTURA DAS CIDADES A escassez de água afeta hoje 17 por cento do território da União Europeia e 11 por cento da sua população, não sendo apenas um problema dos países do Sul. Por esse motivo, a gestão inteligente da água tem sido uma prioridade para a União Europeia. Exemplo disso é a aprovação, em 2020, de um regulamento europeu sobre os requisitos mínimos de qualidade para reutilização de águas residuais tratadas que se espera venha a estimular e facilitar esta prática, sobretudo a nível agrícola. Mas a crescente concentração de população nas cidades e a absoluta necessidade de água para consumo humano, para as atividades económicas e para os ecossistemas, exigem uma reflexão global sobre o ciclo urbano da água que tenha consequências nas políticas ao nível local para que seja garantida a sustentabilidade da vida urbana. O desafio que este crescimento populacional das cidades apresenta para a gestão dos recursos naturais, especialmente no contexto de agravamento de alterações climáticas, é o equilíbrio entre uma gestão eficiente que permita esse crescimento, mas não comprometa a qualidade de vida dos cidadãos. >POR SOFIA CORDEIRO, BIÓLOGA, ASSESSORA VEREAÇÃO DO AMBIENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA Em 2019 a Câmara Municipal de Lisboa (CML) apresentou o Plano Estratégico de Reutilização de Água de Lisboa, fruto de estreita colaboração com a Águas do Tejo Atlântico (AdTA). A estratégia passa por responder ao desafio colocado pelas cada vez mais frequentes secas a que Portugal está sujeito, com um investimento em in- fraestrutura para tornar realidade o fecho do ciclo urbano da água em Lisboa. Numa lógica de circularidade, está a ser implementada uma nova rede de distribuição para levar a água de elevada qualidade tratada nas Fábricas de Água da AdTA até aos locais de maior consumo não potável (rega e lavagens de ruas). Este novo produto de água – Água+ – é uma fonte sustentável, largamente independente da incerteza climática e que permite reduzir a pressão sobre os recursos hídricos. A nova rede de distribuição de Água+ tem um investimento financeiro estimado de 16 milhões de euros até 2025 e um retorno ambiental incalculável. Lisboa assegurou nos últimos 10 anos a consolidação de uma infraestrutura verde organizada em nove corredores verdes, representando um aumento de 20 por cento da área verde da ci-
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