fevereiro 2021 MERCADOS 37 CASA E DECORAÇÃO A COVID-19 tem vindo a provocar uma certa alteração dos hábitos do consumidor e das relações sociais, transformando rotinas familiares e impulsionando o trabalho remoto. A indústria do móvel valenciano (uma das mais potentes em Espanha) registou um aumento de vendas nos últimos meses, devido à procura doméstica e à boa evolução do mobiliário de escritório. A FEVAMA – Federación Empresarial de la Madera y Mueble de la Comunidad Valenciana relata um aumento de vendas do móvel de escritório para casa entre 60 a 65 por cento. A título de exemplo, a comercialização das cadeiras ergonómicas aumentou cerca de 200 por cento, comparativamente a outubro de 2019, tendo-se verificado ainda um considerável aumento da procura de secretárias e mesas de escritório. Este novo conceito de home office, que incorpora mobiliário polivalente e funcional sem comprometer a comodidade e os aspetos acolhedores do lar (local de refúgio em tempos de pandemia), é um gerador de boas oportunidades. O Instituto de Biomecânica de Valencia confirma preferências em torno do estilo nórdico e a Associação Espanhola de Exportadores de Mobiliário sublinha a comodidade, personalização, simplicidade e estilos neutros e modulares de fácil adaptação, flexíveis e versáteis. Por outro lado, confirma-se uma maior preocupação pelas opções eco sustentáveis no interior das casas, com um aumento da procura de têxteis orgânicos e móveis realizados com fibras vegetais. Neste capítulo, surge o conceito da economia circular e da reciclagem, que fomenta a recuperação e reutiliza- ção do mobiliário, através de revestimento com tecidos ou da integração de materiais industriais. Fruto da pandemia e da preferência por espaços ao ar livre, que aliás está por trás do aumento da procura de casas unifamiliares com jardim e da queda da procura de pequenos apartamentos, temos assistido a um aumento da procura de móveis de exterior e jardim de 15 por cento, face à época pré-COVID. Registe-se ainda o encerramento do canal contract, devido à muito limitada utilização dos espaços públicos (à exceção das esplanadas), dos setores da restauração e da hotelaria e, por contraposição, à explosão do e-com- merce, que passa a ser o grande protagonista com aumentos de 20 por cento. O omnicanal é assim um novo desafio que se coloca às empresas portuguesas, que devem apostar na comunicação da diferenciação dos seus produtos, nos bancos de imagens, no storytelling, no alargamento do público-alvo por forma a integrar parceiros e stakeholders (e não apenas clientes diretos), no serviço pós-venda e na capacidade de gerir, não só entregas, mas também devoluções (logística, transporte e aspetos contabilísticos), ou seja, na criação de relações de confiança que perdurem no tempo.
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