julho e agosto 2022 MERCADOS 35 A PRÓXIMA FRONTEIRA PARA AS PME PORTUGUESAS Virando ao contrário o slogan feliz da nossa participação na feira de Hannover, vale a pena refletir sobre o potencial que o mercado alemão oferece, para chegar à conclusão que “Germany makes sense, now”, seguramente para as nossas melhores PME industriais. Mais do que olhar para as oportunidades circunstanciais destes tempos de viragem, senão de rotura, convém posicionar a Alemanha como aposta estrutural. Porque a economia portuguesa tem soluções para muitos dos desafios que a Alemanha enfrenta: na energia renovável e recursos naturais em sustentabilidade, na flexibilidade, na inovação e porque permite uma diversificação de baixo risco operacional e político. Recordemos que o mercado DACH, Alemanha + Áustria + Suíça, que ganhou preponderância no pós-Brexit, representa 31 por cento da economia europeia, e uma fatia maior ainda das exportações da Europa para o mundo. Motivo pelo qual penetrar na Alemanha é ao mesmo tempo sinónimo de integrar uma cadeia de valor de alcance global. E pela relevância e centralidade da economia alemã, a conclusão natural é a de que uma abordagem eficaz convida ao investimento numa aposta de proximidade: cada vez mais de presença direta no mercado, seja ela comercial ou operacional. >POR MIGUEL CRESPO , DELEGADO DA AICEP NA ALEMANHA A relação Portugal-Alemanha num contexto de “Zeitenwende” O chanceler Olaf Scholz cunhou a ex- pressão “Zeitenwende”, mudança dos tempos, que entrou já no léxico comum. E as mudanças têm sido nu- merosas, em cadência curta, em inten- sidade crescente e, em alguns casos, alimentando uma reação em cadeia. Brexit, COVID, roturas de abastecimen- to e falhas no modelo de globalização não-diversificada, encarecimento das matérias-primas, inflação, viragem no ciclo das taxas de juro, crises ambien- tais e uma guerra dentro da Europa. Muitas das respostas que a Europa há de encontrar para estes desafios leva- rão a um estreitamento das relações entre a Alemanha e Portugal. Do lado alemão, a perceção sobre Por- tugal é cada vez mais favorável: pela democracia estável, forte compromis- so europeu, disciplina orçamental e estado de direito. Pela soft diplomacy que soma à diplomacia da União Eu- ropeia em regiões estratégicas. Pelo multiculturalismo e capacidade de in- tegração. Pelo potencial de nearshor- ing de operações industriais dispersas pelo mundo e fiabilidade conferida às cadeias de fornecimento. Pelo
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