fevereiro 2023 DESTAQUE 7 O ano de 2023 começa agora a es- crever os seus primeiros capítulos e há uma palavra que emerge já como forte candidata a palavra do ano: in- certeza. Incerteza sobre o comporta- mento da economia e a extensão do seu impacto na vida das empresas e das famílias. Daniel Roubini, economista conhe- cido pelas suas “profecias” catastro- fistas, diz que vivemos um tempo de “mega-ameaças” destacando o baixo crescimento económico, a inflação, a dívida e as alterações climáticas como algumas dessas ameaças. A lista de in- certezas que nos reserva 2023 é, de facto, “mega” incluindo os efeitos da continuação da guerra na Europa, o aumento galopante dos custos da energia, taxas de juro elevadas, dificul- dades no acesso às matérias-primas, continuação da disrupção das cadeias logísticas, dificuldades de retenção e captação de talento e os riscos de re- cessão em vários mercados de destino das exportações portuguesas. Portugal. Nas suas previsões para a economia portuguesa, que aprecia- mos nesta edição da Portugalglobal, o NECEP - Católica Lisbon Forecasting Lab sinaliza a fragilidade das previ- sões e a incerteza que nos reserva 2023 admitindo um cenário que vai da recessão ao crescimento. Esta incerteza desafia a resiliência das empresas e determinação das políticas públicas. A braços com uma elevada fatura de energia e custos decorrentes da in- flação, as empresas são convocadas a resistir melhor ou sofisticar a sua capacidade competitiva recorrendo a instrumentos que lhes permitam ser mais produtivas. Instrumentos como a alteração do seu paradigma ener- gético, o reforço da digitalização ou automação de processos. Cresce em Portugal o número de empresas que procuram conquistar a sua autonomia energética através da instalação de painéis solares para alimentar as atividades produtivas e reduzir a sua pegada carbónica. Ape- nas duas empresas concentram nos telhados ou terrenos 5 mil painéis solares, o que reflete a dimensão dos investimentos em curso. Cresce tam- bém o número de empresas a apostar na digitalização. O ambiente regulatório e as exigên- cias dos consumidores em matéria de sustentabilidade desafiam também as empresas a construir resiliência e estabelecem novas tendências que abrem janelas de oportunidade. O estudo “Balancing sustainability and profitability: how business can protect people, planet and the bottom line”, do IBM Institute for Previsões coincidentes do Economist Intelligence Unit e das Nações Unidas apontam para um crescimento mé- dio da economia mundial de 1,9 por cento em 2023. Um dos crescimentos mais lentos das últimas décadas se excluirmos a recessão provocada pela crise financeira de 2008 e a recessão ocorrida no pico da pandemia. A desaceleração económica será ainda mais visível na Europa com previsões coincidentes do BCE e da Comissão Europeia a antecipar um PIB entre os 0,3 e os 0,5 por cento ex- pondo a Europa ao risco de recessão. Sustentando-se em políticas públicas de apoio à economia, como o PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, Portugal deverá, ainda assim, crescer acima da média europeia. O BCE e o Banco de Portugal antecipam um crescimento de 1,5 por cento para
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