maio 2023 MERCADOS 21 O IMPACTO DA “ZEITENWENDE” NA ÁREA ECONÓMICA Um ano após o Chanceler Olaf Scholz ter cunhado a expressão “Zeitenwende”, mudança dos tempos, focada nas políticas públicas de defesa e de política externa, torna-se agora mais claro que a Alemanha precisa de desenvolver uma visão económica adequada aos novos tempos. Esta “Neue deutsche Geschwindigkeit”, nova velocidade alemã, em direção à neutralidade carbónica e à digitalização da economia, que estruturalmente chegou a depender do baixo custo da energia importada da Rússia, depende agora com mais acutilância do que acontecer na relação com a China, maior parceiro comercial da Alemanha pelo sétimo ano consecutivo, com um volume de transações comerciais de 298 mil milhões de euros em 2022, mais de 21 por cento do que no ano anterior. Mas, como a Ministra Alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, acabou de dizer no regresso da sua recente visita oficial à China: “ A Alemanha tem de minimizar os seus riscos e abandonar ideias ingénuas, como a de que as relações comerciais conduzem automaticamente a mudanças políticas. ” Esta mudança estrutural na política comercial alemã enuncia uma verdadeira mudança de tempos e atitudes. >POR RUI BOAVISTA MARQUES , DELEGADO DA AICEP NA ALEMANHA O sentimento macroeconómico na Alemanha Na Alemanha, o sentimento económi- co continua em sentido crescente. O índice do clima empresarial do ifo Ins- titute – Instituto Leibniz para a Investi- gação Económica da Universidade de Munique – subiu para 93,6 pontos em abril, acima dos 93,3 pontos registados em março, e dos 91,1 pontos de feve- reiro. Apesar de as empresas avaliarem a sua situação atual como moderada, esta é a sexta subida consecutiva regis- tada pelo índice do clima empresarial, impulsionada pelas expectativas co- merciais. A economia alemã, mesmo com as turbulências geoeconómicas registadas, está a estabilizar. As empresas da indústria transforma- dora revelam otimismo em torno dos desenvolvimentos futuros, avaliando, no entanto, os seus atuais negócios como relativamente piores. A produ- ção deverá aumentar nos próximos meses. A utilização da capacidade au- mentou ligeiramente de 84,3 por cen- to para 84,5 por cento. Em termos setoriais, o clima empre- sarial ascendente sentido nos últimos meses no setor dos serviços chegou ao fim, devido à situação atual menos fa- vorável. Quanto ao comércio este índi- ce caiu também ligeiramente, estando agora as empresas menos satisfeitas. No retalho continua a haver reticen- cias quanto às novas encomendas de mercadorias. Na construção o clima empresarial subiu.
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