abril 2023 DESTAQUE 7 O objetivo estava no horizonte e apesar do contexto global adverso foi alcançado mais cedo do que se esperava: As exportações portuguesas atingiram, em 2022, os 50 por cento do PIB. Totalizaram 120 mil milhões de euros, um recorde e um crescimento de 33,9 por cento em relação ao ano anterior. A pandemia, a guerra na Ucrânia ou o combate à inflação tiveram um efeito pesado na economia mundial, mas as previsões do Banco de Portugal deixam lugar ao otimismo. Em 2022 Portugal registou um crescimento do PIB de 6,7 por cento – o segundo o maior da União Europeia e o mais elevado do país desde 1987. As atenções centram–se na União Europeia, que em 2022 absorveu 65 por cento das exportações portuguesas, e sobretudo nos principais clientes – Espanha, França e Alemanha, destino de mais de 40 por cento das vendas de Portugal ao estrangeiro. O tempo é de incerteza, mas é também de captar investimento. Também aí Portugal conseguiu, em 2022, registar o quarto maior fluxo de IDE desde 1996, tendo o stock de investimento atingido um máximo histórico. >POR JOÃO MANUEL SANTOS , DIREÇÃO DE PRODUTO DA AICEP No passado recente uma série de choques sucessivos criou um am- biente internacional de elevada tur- bulência que afetou a economia mundial e introduziu um novo pa- drão de normalidade, impulsionado, em alguns casos, por um contexto de fragmentação geopolítica. Entre esses acontecimentos contam–se as tensões comerciais entre os EUA e a China durante 2018–2019, o Brexit, a pandemia causada pela Covid-19, a invasão da Ucrânia pela Rússia e o aumento da inflação com a conse- quente implementação de políticas monetárias restritivas. Um ponto comum a estes fatores de desestabilização, e uma característica fundamental das atuais perspetivas económicas do Fundo Monetário In- ternacional (FMI) 1 , é a incerteza eco- nómica e política. Em 2022 a luta global contra a infla- ção, a guerra da Rússia na Ucrânia e o ressurgimento da Covid-19 na Chi- na pesaram sobre a atividade econó- mica mundial, com as projeções do FMI a apontarem para um crescimen- to mundial do PIB de 3,4 por cento no ano passado, devendo os dois primeiros fatores continuar a ser pre- ponderantes em 2023. Para as economias avançadas, proje- ta–se que o crescimento tenha sido de 2,7 por cento em 2022, preven- do que cerca de 90 por cento destas economias registem um declínio no crescimento em 2023. Já os merca- dos emergentes e as economias em desenvolvimento terão observado um crescimento económico de 3,9 por cento em 2022, crescimento esse que deverá abrandar em 2023. Quanto às trocas comerciais interna- cionais, de acordo com a UNCTAD 3 , a evolução do comércio internacional nos últimos três anos foi muito in- fluenciada pela pandemia, resultando num declínio das trocas comerciais de mercadorias e de serviços. Com a retoma da procura global, o comércio internacional recuperou fortemente em 2021 e 2022. Parte substancial do aumento do valor do comércio nos últimos dois anos pode ser explicado pelo aumen- to dos preços das commodities e, mais recentemente, pela inflação. Em volume, o comércio cresceu em me- nor escala. Mesmo assim, o aumento constante no volume do comércio internacional desde o início de 2021 1 IMF - World Economic Outlook Update (January 2023) 3 UNCTAD – Key Statistics and Trends in International Trade 2022 (February 2023)
Baixar PDF