16 DESTAQUE Portugalglobal nº165 Sousa fala com entusiamo dos cole- gas de estágio, acompanha-os em re- des sociais e assiste satisfeito às suas conquistas profissionais. “Portugal deve incentivar projetos inovadores na área da investigação” Quando terminou o curso de Ciências Farmacêuticas na Universidade de Lis- boa, Ana Cadete quis experimentar fazer investigação noutro país. Uma bolsa para investigador júnior tinha-a levado a perceber as limitações com que se deparava para ter uma carreira na área da investigação farmacêutica em Portugal, por isso candidatou-se ao inov contacto, em 2010, e acabou por estagiar na biotecnológica Sylen- tis, em Madrid. Hoje gere uma equipa responsável pelo fabrico de vacinas de RNA men- sageiro (mRNA) para Fase 1 de ensaios clínicos no Centro de Excelência de mRNA nos EUA da Sanofi, uma far- macêutica global sediada em França, mas o seu percurso passou também por um estágio na Bind Therapeutics, em Boston (EUA), e pelo Langer Lab no Massachusetts Institute of Techno- logy (MIT). Ao fazer um balanço do seu percurso, 12 anos após o estágio, Ana Cadete considera que “ o inov contacto foi fundamental para inter- nacionalizar e impulsionar a carreira ”. O primeiro passo após a conclusão do mestrado em Ciências Farmacêu- ticas foi trabalhar num projeto de investigação na área da tecnologia farmacêutica. Mas Ana Cadete consi- derou que uma carreira internacional seria a melhor opção. Em Portugal o número de empresas a fazer investi- gação na sua área era reduzido, tal como o financiamento disponível para projetos inovadores. “ O inov contacto foi uma oportuni- dade extraordinária para ir para o ANA CADETE • 36 anos • Responsável por projetos de produção e controlo (CMC Leader) de vacinas de mRNA na SANOFI • Estagiária na 15ª edição do inov contacto, 2011 • Empresa e país de destino: Sylentis, Madrid (Espanha) • Formação Académica: Mestrado em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Doutoramento em Nanomedicina e Inovação Farmacêutica pelas Universidades de Santiago de Compostela (Espanha) e Angers (França). estrangeiro e perceber como a inves- tigação se faz noutros países ”, subli- nha. O enriquecimento profissional e pessoal que a experiência lhe deu, os novos contactos e formas de fa- zer investigação, acabaram por ser determinantes para o caminho que se seguiria. Após terminar o estágio, Ana Cadete foi convidada a ficar na empresa, onde se dedicou a alguns projetos nas áreas da biologia e quí- mica do siRNA, mas acabou por sair da Sylentis para fazer o doutoramento em Nanomedicina e Inovação Farma- cêutica na Universidade de Santiago de Compostela. Um estágio a meio do doutoramento deu-lhe a oportu- nidade de fazer investigação em Bos- ton pela primeira vez em 2014, onde o fascínio pela cidade a fez voltar para um postdoc em 2016 no Langer Lab (MIT). Entre 2017 e 2022 trabalhou na Mo- derna e no desenvolvimento de te- rapias de mRNA para tratamento da fibrose quística pulmonar. No final de 2022, juntou-se à Sanofi para assumir um cargo com maior relevo na lide- rança de projetos no desenvolvimen- to de novas vacinas. Embora sublinhe a qualidade da educação e das competências em Portugal, Ana Cadete enfatiza que é necessário proporcionar melhores condições de trabalho e financiamen- to para projetos inovadores na área da investigação e sublinha, também, a importância de uma experiência internacional. Deixa, aliás, um conse- lho para quem parte agora para um estágio inov contacto: “ Aproveitem ao máximo a experiência profissio- nal, sem esquecer que o inov vai ser, provavelmente, a melhor experiência pessoal que vão encontrar. E as me- mórias pessoais pesam tanto quanto a experiência profissional ”.
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