março 2023 DESTAQUE 9 Bioeconomia Sustentável 2030”, pu- blicado pelo Gabinete de Planeamen- to, Políticas e Administração Geral. No caso da floresta podemos encon- trar exemplos de aplicação da bioeco- nomia sobretudo relacionados com a utilização de resina, biocarvão, resí- duos de madeira ou cascas de árvores e frutos, enquanto na agricultura é a produção de biomassa para fins não alimentares que tem maior peso. No mar, o desenvolvimento de biopro- dutos poderá ter aplicações em áreas como a saúde, a cosmética ou a ali- mentação. Os exemplos são inúmeros e diversos, e os projetos de aplicação da bioeconomia podem passar pela utilização das cascas de árvores e frutos para produção de energia ou medicamentos e suplementos alimen- tares, pelo uso de desperdício de pes- cado para produção de ingredientes alimentares ou rações ou pela utili- zação de algas para produzir reves- timentos comestíveis para produtos hortícolas frescos. Para além do setor primário, a indús- tria é também determinante para o sucesso da bioeconomia, não só pelo seu papel na redução de emissões e cumprimento de alguns dos Objeti- vos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas, como pelo seu peso no comércio internacional. As indústrias com potencial para a área da bioeconomia representaram, em 2020, 44 por cento das exportações portuguesas de bens em 2020 (cer- ca de 23,8 mil milhões de euros) e é expectável que essa percentagem au- mente nos próximos anos. Quando, em outubro do ano passa- do, a Euroactiv, uma rede de media de órgãos de informação especiali- zada em assuntos europeus, dedicou um dossier a este tema chamou-lhe The bioeconomy: doing more with less. “É disso que se trata, fazer mais com menos” , disse então Catia Bas- tioli, CEO da empresa italiana Nova- mont, uma das principais produtoras mundiais de bioplásticos e bioquími- cos. “O paradigma não é o cresci- mento económico – é a dissociação de recursos e desenvolvimento. Este é o verdadeiro desafio” , acrescentou. John Brell, responsável da Direção-Ge- ral de Investigação e Inovação da Co- missão Europeia, também sublinhou a importância de fazer mais com menos recursos. “Há um Prémio Nobel a ser ganho se alguém conseguir transfor- mar o capital natural em capitalismo natural” , adiantou. “Trata-se de fazer as pazes com a natureza.” AMBIENTE É A PRINCIPAL PRIORIDADE DAS NOVAS GERAÇÕES Os Millenials (nascidos entre 1981 e 1996) e a Geração Z (nascida entre 1997 e 2010) representam o futuro da so- ciedade e da economia. Considerados nativos digitais, são capazes de fazer ouvir a sua voz, influenciar e até mesmo questionar as autoridades e têm nas questões ambientais a sua principal prioridade. De acordo com o estudo da Deloitte, “A Call for Accountabily and Action: The Deloitte 2021 Millenial and Gen Z Sur- vey” , realizado em 2021, o soar do alarme para as alterações climáticas e as suas consequências tornou o ambiente na principal prioridade das novas gerações. Apostados numa mudança de comportamentos de consumo em prol das suas preocupações, os Millenials e Geração Z são os grandes drivers da economia verde – e têm os olhos postos nos players dos mercados. A mensagem para as empresas torna-se clara: é vital investir em medidas sustentáveis para que seja possível responder às exigências destas gerações e caminhar para uma economia mais sustentável, capaz de sobreviver aos desafios atualmente vividos.
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