março 2023 MERCADOS 21 MIGUEL FONTOURA , DIRETOR DAS DELEGAÇÕES DOS MERCADOS NÓRDICOS DA AICEP DENIL PINTO , TÉCNICO DA AICEP EM OSLO, NORUEGA HELGA DAVID , TÉCNICA DA AICEP EM COPENHAGA, DINAMARCA JOÃO CAMPOS , TÉCNICO DA AICEP EM HELSÍNQUIA, FINLÂNDIA PAULO RAMOS , TÉCNICO DA AICEP EM ESTOCOLMO, SUÉCIA Os países nórdicos são muitas vezes referidos como um exemplo de apos- ta em áreas determinantes como a bioeconomia e a sustentabilidade. De acordo com a Comissão Europeia, a bioeconomia “abrange a produção de recursos biológicos renováveis e a conversão destes recursos e fluxos de resíduos em produtos de valor acres- centado, tais como alimentos para consumo humano e animal, produtos de base biológica e bioenergia” . A dis- ponibilidade de recursos biológicos re- nováveis (frequentemente designados por biomassa) e o nível de conheci- mento em biotecnologia representam, portanto, elementos centrais no de- senvolvimento bioeconómico de um país. Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia definiram prioridades para esta área e demonstram como esse pode ser um caminho de sucesso. Dinamarca é líder europeia em inovação na área da biotecnologia A Dinamarca tem apostado na tran- sição para uma economia centrada no uso sustentável de recursos bio- lógicos renováveis, incluindo plantas, animais e microrganismos, bem como processos biotecnológicos para pro- duzir uma gama ampla de produtos e serviços. Por isso, foi classificada como o melhor país da Europa, em termos de investigação e desenvolvi- mento em biotecnologia, em 2019, e é atualmente líder global em inova- ção neste domínio, apenas ultrapas- sada pelos EUA. O país destaca-se, em particular, pela aplicação de processos biotecnológi- cos no setor farmacêutico, nomea- damente no desenvolvimento de medicamentos para uma vasta gama de doenças. A insulina para o trata- mento da diabetes produzida pela Novo Nordisk é um dos exemplos. Os produtos farmacêuticos representam a maior fatia das exportações totais dinamarquesas, tendo correspondido a mais de 15 por cento do total das exportações em 2021. A indústria representa outro campo de aplicação importante da biotec- nologia na Dinamarca. Esta é utiliza- da no desenvolvimento de produtos de base biológica tão diversos como produtos químicos, alimentos, de- tergentes, papel e celulose, têxteis e bioenergia. A Novozymes, por exem- plo, é líder global na produção de enzimas industriais utilizadas na pro- dução de alimentos, produtos de lim- peza e biocombustíveis. Soluções biotecnológicas estão tam- bém a ser aplicadas no desenvolvi- mento de novos materiais derivados de fontes renováveis, tais como plás- ticos à base de plantas (legos feitos a partir de cana-de-açúcar, por exem- plo) e embalagens biodegradáveis, resultando na redução do impacto ambiental dos materiais tradicionais à base de petróleo. A biotecnologia é também utilizada na agricultura, no desenvolvimento de culturas e plantas mais resistentes a pragas e doenças, bem como cul- turas que podem crescer em climas mais severos. Desta forma, reduz-se a utilização de pesticidas e fertilizan- tes químicos e a agricultura torna-se mais sustentável. Aproximadamente 66 por cento da área útil da Dinamarca é dedicada à produção agrícola e alimentar. O país é pioneiro da chamada abordagem da hélice tripla, um modelo de inovação em que a academia, a indústria e o governo interagem para promover o desenvolvimento e a inovação, ten- do uma longa tradição de criação de parcerias entre instituições de inves- tigação, autoridades governamentais e indústria para desenvolver soluções que permitam produção e consumo responsáveis. Diversas entidades, incluindo agên- cias governamentais dinamarquesas, cientistas, empresas e agricultores tra- balham no desenvolvimento de méto- dos inovadores para refinar biomassa agrícola, a partir de resíduos de palha,
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